Mudanças climáticas: a história e os principais fóruns globais

As discussões globais sobre mudanças climáticas começaram a ganhar força a partir da década de 1970, à medida que os impactos ambientais das atividades humanas se tornaram mais evidentes. Antes do Protocolo de Kyoto (1997), dois grandes marcos internacionais já haviam estabelecido as bases para o debate climático ao redor do mundo:

  1. Conferência de Estocolmo (1972) – O Primeiro Grande Passo

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, Suécia, em 1972, foi o primeiro grande fórum global a discutir a relação entre desenvolvimento econômico e degradação ambiental. O evento resultou na criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e introduziu o conceito de desenvolvimento sustentável na agenda internacional.

  1. Conferência do Rio (1992) – O Surgimento da UNFCCC

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92 ou Cúpula da Terra, foi realizada no Rio de Janeiro, em 1992. Esse evento foi fortemente influenciado pelos dados do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). Seu Primeiro Relatório de Avaliação, publicado em 1990, revelou evidências de que as emissões de gases do efeito estufa estavam acelerando o aquecimento global.

Essas descobertas ajudaram a embasar os debates e foram  fundamentais para a criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que estabeleceu a necessidade de ações coordenadas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. A UNFCCC serviu como base para as futuras COPs, incluindo a COP3 em Kyoto, onde foi assinado o Protocolo de Kyoto.

Esses dois primeiros eventos foram essenciais para moldar o debate climático e pavimentar o caminho para os acordos internacionais mais ambiciosos que vieram depois.

Do Protocolo de Kyoto à COP30: A jornada dos debates climáticos 

Desde o final do século XX, a preocupação com as mudanças climáticas tem mobilizado líderes globais, cientistas e organizações internacionais na busca por soluções eficazes para conter o avanço do aquecimento global. Continue acompanhando a série histórica de encontros e acordos climáticos que moldou políticas ambientais e fortaleceu a cooperação entre países.

  1. Protocolo de Kyoto (1997)

O Protocolo de Kyoto foi firmado em 1997 no Japão, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Ele estabeleceu metas para a redução de emissões de gases do efeito estufa, sendo um marco no compromisso ambiental internacional.

O principal destaque desse acordo foi a divisão das responsabilidades entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, reconhecendo que as nações industrializadas tinham maior contribuição histórica na emissão de gases poluentes. No entanto, algumas nações, como os Estados Unidos, recusaram-se a ratificá-lo, alegando impactos negativos na economia. Apesar de desafios, o tratado pavimentou o caminho para futuros compromissos ambientais, inspirando negociações como o Acordo de Paris.

  1. Acordo de Paris (2015)

O Acordo de Paris foi assinado por 195 países durante a COP21 em 2015, marcando um avanço significativo na cooperação climática global. O objetivo principal era manter o aumento da temperatura global abaixo de 2°C, com esforços para limitar a elevação a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

No acordo, cada país comprometeu-se a estabelecer suas próprias metas voluntárias de redução de emissões, conhecidas como NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas). Além disso, ficou acordado um financiamento de 100 bilhões de dólares anuais para apoiar países em desenvolvimento na implementação de medidas sustentáveis.

Embora tenha sido amplamente aceito, alguns países optaram por se retirar ou reduzir sua participação. Em 2017, os Estados Unidos, sob a administração do então presidente Donald Trump, anunciaram sua saída do pacto, alegando prejuízos econômicos. Entretanto, em 2021, o país retornou ao Acordo sob a liderança de Joe Biden, reafirmando seu compromisso climático. Em 2025, novamente o governo do Presidente Trump optou por não aderir ao Tratado.

Outras nações também enfrentaram desafios na implementação de suas promessas, por exemplo: 

  • Síria – Inicialmente, a Síria não assinou o acordo devido à guerra civil e sanções internacionais que dificultavam sua participação em negociações globais. Posteriormente, o país aderiu ao tratado.
  • Nicarágua – A Nicarágua se recusou a assinar o Acordo de Paris em 2015, alegando que ele não era suficientemente rigoroso para responsabilizar os países mais poluentes. No entanto, em 2017, o país decidiu aderir ao tratado.
  • Irã, Iêmen e Líbia – Esses países não ratificaram o acordo, seja por questões políticas internas, conflitos ou falta de estrutura para cumprir as metas estabelecidas.
  1. Destaques das COPs realizadas entre 2021 e 2023

COP26 (2021, Glasgow, Escócia) – Considerada uma das mais relevantes após o Acordo de Paris, a COP26 trouxe avanços como o compromisso de reduzir emissões de metano e acelerar a transição energética para fontes renováveis.

COP27 (2022, Sharm el-Sheikh, Egito) – Destacou a criação do Fundo de Perdas e Danos, voltado para ajudar países vulneráveis a lidar com os impactos das mudanças climáticas.

COP28 (2023, Dubai, Emirados Árabes Unidos) – Pela primeira vez, houve um acordo global para reduzir gradualmente o uso de combustíveis fósseis, marcando um avanço na transição energética.

  1. A COP30 (2025, Brasil) 

Marcada para acontecer entre 10 e 21 de novembro de 2025 em Belém (PA), a COP30 será um marco para avaliar os compromissos assumidos no Acordo de Paris e reforçar ações que limitem o aquecimento global. Estarão reunidos líderes de quase 200 países para debater medidas concretas contra as mudanças climáticas.

Além disso, a COP30 terá um foco especial na preservação da Amazônia, posicionando o Brasil no centro das discussões sobre desmatamento, biodiversidade e transição energética. Outros temas-chave incluem o financiamento climático, a adaptação a eventos extremos e a redução do uso de combustíveis fósseis. O evento representa uma oportunidade para fortalecer políticas ambientais e consolidar esforços globais rumo a um futuro mais sustentável.

Todos esses tratados demonstram a evolução da cooperação internacional na luta contra as mudanças climáticas. Apesar de avanços e obstáculos, cada acordo contribuiu para a construção de políticas globais mais alinhadas com a sustentabilidade e a preservação do planeta.

O que o futuro nos reserva sobre o tema mudanças climáticas?

O futuro das mudanças climáticas depende das decisões tomadas hoje. Se os compromissos globais forem cumpridos, é possível frear o aumento da temperatura e minimizar eventos extremos como secas, inundações e ondas de calor. No entanto, desafios como o desmatamento, a dependência de combustíveis fósseis e a desigualdade no acesso a tecnologias sustentáveis ainda precisam de soluções urgentes.

Nos próximos anos, veremos avanços na energia renovável, na preservação de ecossistemas críticos e no desenvolvimento de tecnologias de captura de carbono. A COP30 no Brasil será um momento crucial para definir novas metas e estratégias. O cenário mais otimista prevê um mundo mais sustentável, mas isso exigirá esforços contínuos de governos, empresas e da sociedade.