Preservação da biodiversidade e outros desafios para a COP30

A COP30, que será realizada no Brasil em 2025, trará à tona diversas questões ambientais que o país enfrenta e que podem impactar diretamente as discussões globais sobre mudanças climáticas. A preservação da biodiversidade continua sendo uma das principais pautas e desafios a serem superados. O país abriga biomas essenciais, como a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Mata Atlântica e a Caatinga, todos fortemente impactados pelo desmatamento, queimadas, exploração de recursos naturais e mudanças climáticas.

A biodiversidade brasileira é uma das mais ricas do mundo, mas sua conservação exige ações concretas para reduzir a degradação ambiental, fortalecer políticas de proteção e equilibrar desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Temas como a proteção de áreas indígenas, o combate à exploração ilegal de recursos e o fomento a práticas agrícolas sustentáveis estão no centro dos debates globais, especialmente na COP30, que ocorrerá no Brasil.

Quais os principais desafios ambientais que o Brasil enfrenta?

Acompanhe abaixo um panorama dos principais desafios que estão sendo debatidos nos principais veículos do país. Contextualizamos o problema e seus impactos:

  1. Ameaças à preservação da Amazônia

Apesar da promessa de preservação, algumas decisões recentes do governo levantam preocupações sobre o futuro da Amazônia. A venda de uma mineradora para uma empresa estatal chinesa (mais informações estão no final deste artigo) levanta debates sobre os impactos da entrada de empresas estrangeiras na exploração de recursos naturais no Brasil.

Há também temores em relação a projetos de infraestrutura, que podem impactar diretamente áreas florestais, pois a construção de rodovias e hidrelétricas pode fragmentar ecossistemas e afetar comunidades indígenas.

Outro receio se refere às flexibilizações nas leis ambientais, que podem abrir caminho para mais degradação. Durante a COP30, será crucial que o Brasil reforce seu compromisso com a proteção desse bioma essencial para o planeta.

  1. Desmatamento na Amazônia

O desmatamento continua sendo um dos maiores desafios ambientais do Brasil. Em 2024, a Amazônia perdeu 3.739 km² de cobertura florestal, e nos primeiros três meses de 2025, já foram desmatados 2.296 km², representando 61,5% do total do ano anterior. 

Desde que começou a ser monitorada, a Amazônia já perdeu cerca de 20% de sua cobertura florestal original devido ao desmatamento, impulsionado por fatores como expansão agropecuária, mineração ilegal, extração de madeira e infraestrutura urbana, além de queimadas que aceleram a degradação ambiental.

A destruição da floresta afeta o equilíbrio climático e ameaça populações indígenas, além de comprometer os compromissos assumidos no Acordo de Paris. Esse será um dos temas centrais da COP30, exigindo ações concretas do governo para conter a degradação ambiental.

  1. Exploração de petróleo na Foz do Amazonas

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) anunciou um leilão para exploração de petróleo com a oferta de 47 blocos na bacia da Foz do Amazonas, incluindo cinco setores na Margem Equatorial brasileira. O governo brasileiro tem pressionado por essa exploração apesar dos alertas ambientais. A região abriga um ecossistema sensível, e especialistas alertam que um vazamento de óleo poderia causar danos irreversíveis à biodiversidade marinha e terrestre. O Ibama tem resistido à liberação das licenças, alegando que os planos de emergência apresentados pela Petrobras ainda não garantem segurança suficiente para a operação. 

  1. Mineração ilegal e impactos ambientais

A mineração ilegal, especialmente em áreas indígenas e protegidas, continua sendo um problema grave no Brasil. Em 2024, cerca de 3.000 hectares foram devastados por garimpo ilegal, segundo monitoramento do Instituto Socioambiental (ISA). O mercúrio usado na extração de ouro contamina rios e coloca populações em risco, além de acelerar o desmatamento. A COP30 será uma oportunidade para reforçar a necessidade de ações internacionais contra essa prática.

  1. Crise hídrica e desertificação no Cerrado

O Cerrado brasileiro, conhecido como a caixa d’água do Brasil, enfrenta um processo acelerado de degradação. Em 2024, o bioma perdeu 655 km² de vegetação em fevereiro, e em 2025, esse número caiu para 494 km², mas os impactos continuam preocupantes. A destruição desse ecossistema afeta a disponibilidade de água em grandes regiões do país e compromete a produção agrícola. A COP30 deve debater medidas para frear esse processo e incentivar o manejo sustentável do solo.

  1. Poluição urbana e emissões de carbono

As grandes cidades brasileiras enfrentam problemas crescentes de poluição do ar. Em São Paulo, os índices de material particulado PM2.5 atingiram 48 μg/m³ em dias críticos de 2024, acima do recomendado pela OMS (25 μg/m³). O transporte e a indústria ainda são grandes fontes de emissões de carbono, dificultando o cumprimento das metas climáticas do Brasil no Acordo de Paris. A COP30 pode fortalecer a transição para energia limpa e políticas de mobilidade sustentável.

A realização da COP30 no Brasil coloca o país sob um grande escrutínio internacional. O evento pode ser uma oportunidade para o governo demonstrar avanços e compromisso com a sustentabilidade, mas também pode expor desafios que precisam de soluções urgentes.

A China na Amazônia: devemos nos preocupar?

A Mineração Taboca S.A., empresa brasileira que opera na Mina de Pitinga, no interior do Amazonas, foi vendida à estatal chinesa China Nonferrous Trade Co. Ltd. (CNT) por US$ 340 milhões, o equivalente a aproximadamente R$ 2 bilhões. A transação, intermediada pela mineradora peruana Minsur S.A, que detinha o controle da Taboca, foi comunicada oficialmente ao governo estadual em 26 de novembro de 2024.

A mina de Pitinga, localizada no município de Presidente Figueiredo, possui uma vasta reserva de nióbio, tântalo, estanho e tório, elementos essenciais para a produção de equipamentos tecnológicos avançados, como foguetes, baterias e turbinas. Apesar da região também apresentar presença de urânio, um mineral estratégico para o Brasil, esse recurso não foi incluído na negociação, pois sua exploração requer autorização direta do governo federal e a tecnologia necessária para sua separação ainda não está disponível no local. Estima-se que a reserva desses minerais da Mina de Pitinga tenha estoque suficiente para durar um século, destacando a importância econômica e geopolítica da região.